Guiámos o Honda Civic Type R, um pequeno-grande desportivo que chegou à maturidade com a quinta edição de uma proposta que surgiu em 1997 (numa versão que nunca chegou a ser comercializada oficialmente na Europa) e afirmou a sua reputação desde que começou a ser produzido no Reino Unido em 2001.
Hoje é uma referência ao nível dos hatchback desportivos, e os 320 cv da última versão respondem a todas as exigências de quem tem o prazer da condução seja em estrada ou numa utilização em pista.
Todos os detalhes da carroçaria têm um fim específico, seja a volumosa asa traseira "biplano", sejam as nervuras do tejadilho e as volumosas entradas e saídas de ar, para já não falar nas três saídas de escape, uma solução destinada a apurar o "cantar" do motor, que, mesmo não sendo um barítono, tem uma voz tão rouca quanto possível... A evolução aerodinâmica leva a Honda a reivindicar uma melhoria da eficácia na casa dos doze por cento.
O Type R foi realizado com base na mesma plataforma que está na origem da última geração do Civic, e isso equivale a dizer que a carroçaria é mais volumosa: mais 95 mm de comprimento e uma distância ente eixos (2.700 mm) superior.
Mas, críticas à parte, o que interessa mesmo aos apaixonados pelos Type R é o desenho do volante com uma excelente "pega" e a qualidade dos bancos dianteiros, verdadeiras "baquets" que asseguram todo o apoio, mesmo ao nível das coxas sem a dureza das protecções laterais agressivas que conhecemos no Ford Focus ST. A posição de condução é excelente, o nivelamento dos pedais em alumínio correcto e a pequena alavanca do comando da caixa de velocidade surge onde deve estar, bem ao alcance da mão.
MOTOR. O bloco 2.0 VTEC turbo de quatro cilindros foi evoluído e a potência chegou aos 320 cv às 6.500 rpm, enquanto o binário de 400 Nm está disponível entre as 2.500 e as 4.500 rpm. A margem e utilização é ampla e pode ser aproveitada com uma caixa manual de seis velocidades, que vinca o carácter desportivo do Type R, quer com o escalonamento, quer com um comando muito curto para ser tão rápido quanto possível.
A Honda afirma que a rigidez torsional é 38 por cento superior. Não temos razões para duvidar porque o comportamento é irrepreensível nas curvas mais apertadas e a estabilidade direccional potencia a confiança na abordagem a curvas muito rápidas. O eixo dianteiro é bem controlado pelo autoblocante (de série) que evita o escorregamento (sobreviragem) mesmo nas curvas abordadas com mais optimismo.
Não há qualquer rolamento da carroçaria, que está sempre na origem de uma tendência subviradora na inserção em curva. A suspensão adaptativa também tem a sua quota-parte neste desempenho. Vários sensores gerem a transferência de massas, evitando que a frente levante em aceleração ou mergulhe nas travagens mais violentas.
Quando as coisas começam a aquecer quase não há tempo para fazer o "ponta-tacão" no travão e acelerador para subir o regime do motor nas reduções mais violentas. Mas no Type R isso é dispensável: a Honda desenvolveu um sistema electrónico capaz de garantir essa situação de forma automática.
O condutor pode optar por um de três modos de condução. O "Sport" surge como a proposta normal para um desportivo com estas características, mas numa utilização urbana a proposta "Comfort" acaba por ser tão bem-vinda para aumentar a capacidade de absorção das irregularidades do piso como o modo "R", que leva ao extremo todo o carácter desportivo deste hatchback. É a grande proposta para uma utilização em pista.
Se tudo isto é música para os nossos ouvidos, o preço altera um pouco as coisas. Este Honda tem duas propostas – Type R e Type R GT. O preço começa nos 46.900 euros, mas equipamentos como o sistema Honda Connect, que inclui a navegação; o ar condicionado automático; sensores de angulo morto e de estacionamento e o sistema de carregamento do telemóveis sem fios, disponíveis na versão Type R GT, atiram o preço para os 49.900 euros, um valor acima do pedido por qualquer dos concorrentes directos.
FICHA TÉCNICA
Motor |
2.0 VTEC Turbo |
Cilindrada (cc) |
1.996 |
Potência máxima (cv/rpm) |
320/6.500 |
Binário máximo (Nm/rpm) |
400/2.500-4.500 |
Velocidade máxima (Km/h) |
272 |
0 a 100 km/h (s) |
5,7 |
Consumo médio (l/100 km) |
7,7 |
Emissões de CO2 (g/km) |
176 |
Preço desde (€) |
46.900 |
+ CARÁCTER. Este é um automóvel à medida de quem valoriza uma condução mais do que desportiva. Chegou à quinta geração e continua a ser uma referência na sua categoria.
- PREÇO. Não há prazeres baratos, mas este acaba por ser "carote". Até podemos admitir que vale o que custa, mas não esquecemos que no intervalo de preços das duas propostas disponíveis existem muitas alternativas…